GASES ENCONTRADOS EM INCÊNDIOS

As condições críticas durante um incêndio em uma edificação induzem a
sentimento de insegurança, podendo gerar pânico e desequilíbrio emocional,
ao ponto dos ocupantes se arremessarem pelas janelas. Nessas situações de
emergência, as pessoas tendem institivamente se afastar do evento
desastroso, com o objetivo primordial de salvaguardar suas vidas, deslocando-
se para um local seguro.
O sucesso ou o fracasso da evacuação dos ocupantes de uma edificação
envolvidos em um sinistro, tal como incêndio, dependerá de diversos fatores
que influenciam o comportamento humano. Dentre esses fatores, pode-se
destacar:

1. existência de gases tóxicos (que será o tema a ser abordado);
2. a presença de fumaça;
3. existência de chamas;
4. o aumento da temperatura e
5. a diminuição da concentração de oxigênio, causadores da instabilidade
cognitiva nos envolvidos, podendo contribuir com o surgimento de
comportamentos não adaptativos ou disfuncionais.

Dos gases tóxicos mais comuns e vilões encontrados em incêndios, temos:

1. o monóxido de carbono (resultante da combustão incompleta);
2. cianeto (de hidrogênio), decorrente da queima de produtos compostos
por polímeros sintéticos e plásticos.

Além disso, considerados os maiores responsáveis pela intoxicação
sistêmica e causadores da redução do nível de consciência, podendo até
causar morte por asfixia. A inalação de gases e partículas, são responsáveis
em até 77% dos pacientes vítimas de queimaduras.

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[…], a lesão inalatória é complicação grave do paciente
queimado ou vítima de incêndio e importante causa de
morbimortalidade. Dentre os fatores que contribuem para isso,
encontram-se a alteração na função pulmonar, que
rapidamente pode levar à hipoxemia de difícil manejo e à
intoxicação pela inalação de subprodutos tóxicos, como o
monóxido de carbono e o cianeto. (BASSI et al 6 , 2014, p. 424).

Antônio, Castro e Freire (2013) afirmam: “A lesão de vias aéreas
superiores resultando em obstrução nas primeiras 12 h após o incidente é
causada por dano térmico direto e/ou irritação química.”
O Manual básico de Combate a Incêndio, do Corpo de Bombeiros Militar
do Distrito Federal, estabelece 04 (quatro) fatores que influenciam na liberação
dos gases tóxicos. São eles:

1. A natureza (composição química) do combustível;
2. O calor produzido, ou seja, o seu nível de energia;
3. A temperatura dos gases liberados e
4. A concentração de oxigênio.

Esquema 01 – Fatores que contribuem na liberação dos gases tóxicos em
incêndios.

GASES ENCONTRADOS EM INCÊNDIOS im1

A toxidade será determinada em função das substâncias tóxicas presentes na fumaça e nos gases liberados. No quadro 01, pode-se verificar os principais gases liberados em um incêndio, além das suas implicações à saúde humana:

GASES ENCONTRADOS EM INCÊNDIOS Capturar.3PNG

Observação: o gás cianídrico, cianeto ou cianureto de hidrogênio (HCN), é considerado o gás mais perigoso existente na fumaça, aproximadamente vinte vezes (20x) mais tóxico que o monóxido de carbono (CO). 

Na ilustração abaixo, pode-se verificar uma intoxicação por monóxido de carbono (CO), o qual combina-se rapidamente com o ferro da hemoglobina, fenômeno conhecido como carboxihemoglobina. Essa combinação impede o transporte de oxigênio no sangue, podendo gerar mortes fulminantes em poucos segundos de exposição (Manual básico de Combate a Incêndio, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, 2006).

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REFERENCES

ANTÔNIO, Ana C. P.; CASTRO, Priscylla S.; FREIRE, Luiz. O. “Lesão por inalação de fumaça em ambientes fechados: uma atualização”. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, vol. 39, nº 3, p. 373-381, abr.,2013.

BASSI, Estevão et al. “Atendimento às vítimas de lesão inalatória por incêndio em ambiente fechado: o que aprendemos com a tragédia de Santa Maria”. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, vol. 26, nº 4, p. 421-429, out., 2014.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Manual Básico de Combate a Incêndio. Brasília: Boletim geral nº 216, 2006. 

OLIVEIRA, Ana Paula Brito; PERIPATO, Lilian Albregard. “Cobertura ideal para tratamento em paciente queimado: uma revisão integrativa da literatura”. Revista Brasileira de Queimaduras, Goiânia, vol. 16, nº 3, p. 1-6, mai., 2017.

PINHO, Fabiana Minati de et al. “Cuidado de enfermagem ao paciente queimado adulto: uma revisão integrativa”. Revista Brasileira de Queimaduras, Goiânia, vol. 16, nº 3, p. 181-187, set., 2017.SOUZA, Rogério et al. “Lesão por inalação de fumaça”. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, vol. 30, nº 5, p. 557-565, fev.,2004.

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